Promovida pelo NIDI, Núcleo de Inclusão Digital de Caxias do Sul, tivemos a oportunidade de participar da palestra com a Professora Léa Fagundes, consultora do Programa de Inclusão Digital do Ministério da Educação e coordenadora pedagógica do projeto piloto UCA (Um Computador por Aluno), desenvolvido pelo Laboratório de estudos Cognitivos da UFRGS. Durante a palestra com interação do público, a professora abordou a metodologia de trabalhar com Projetos de Aprendizagem metodologia essa baseada no construtivismo, entre outros assuntos que surgiram. Falou de seus estudos da Epistemologia Genética de Jean Piaget e da importância desta ciência. Lembrei-me então, do início do meu Curso de Especialização e de como me sentia diante da leitura de parte da obra de Piaget, que não conhecia. Vim de uma escola tradicional onde a concepção é embasada na teoria empirista/instrucionista, ou seja, de Transmissão de conhecimento, o conteúdo a ser desenvolvido é determinado pelo professor, pois é esse que tem o poder de “ensinar” e ao aluno resta simplesmente, receber o conhecimento pronto. [...] tudo parte das decisões do professor, e a ele, ao seu controle, deverá retornar. Como se o professor pudesse dispor de um conhecimento único e verdadeiro para ser transmitido ao estudante e só a ele coubesse decidir o que, como, e com que qualidade deverá ser aprendido. Não se dá oportunidade ao aluno para qualquer escolha. Não lhe cabe tomar decisões. Espera-se sua total submissão a regras impostas pelo sistema [...].Fagundes (1999, p. 15 - 16).
Através das leituras, entendi que as noções básicas de um sujeito em crescimento não provém do meio, através dos órgãos de sentido (empirismo), nem são apríoristicas ( o sujeito já traz na bagagem hereditária) e sim, parte da interação ativa do sujeito com o meio. Para Piaget, o conhecimento não está nem no sujeito nem no objeto, mas é construído na interação do sujeito com o objeto. É interagindo que sujeito produz sua capacidade de conhecer, ao mesmo tempo em que produz o próprio conhecimento. A partir da interação com a teoria piagetiana de construção de conhecimentos como pensar em continuar a usar em sala de aula uma metodologia centrada na fala do professor, seguindo ora uma concepção que acredita que o sujeito aprende ouvindo, vendo, escutando, ora, que a qualquer momento terá um insight e assim aprenderá.
Na metodologia de aprendizagem por projetos, uma prática pedagógica baseada na construção de conhecimento, que agora estou aplicando com minhas alunas do curso normal, ao invés de dar o raciocínio pronto, o professor falando e o aluno ouvindo, o professor passa a ser desafiador, ou seja, aquele que abre espaço à participação dos alunos, favorece a autonomia na escolha, questiona e problematiza para gerar conflitos cognitivos e com isso, o desenvolvimento da inteligência e a construção do conhecimento. Essa forma de trabalhar a construção de conhecimento implica numa grande mudança de concepção pedagógica, portanto, uma possibilidade de mudança na prática. Foi o que aconteceu comigo.